Entrevista de Paulo Skaf da FIESP sobre sua grande preocupação com o rumo econômico do Brasil.
O presidente da Federação das Industrias de São Paulo, Paulo Skaf, não aceita mais a combinação de juros mais altos com Real muito valorizado na política macroeconômica. Em entrevista exclusiva ao Blog, Skaf diz que quer mais velocidade do governo para “defender a competitividade da industria brasileira”, caso contrário, o país corre o risco de perder mais espaço no mercado internacional e crescer bem menos do que se espera em 2011.
O executivo não está preocupado com a volta da inflação. “Não vejo o dragão da inflação! Essa cultura nos leva a ficar sempre numa visão monetarista da economia e não desenvolvimentista. Enquanto isso, nós estamos levando uma enxurrada de importações”.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O que mais o preocupa na economia do país atualmente?
Paulo Skaf - No curtíssimo prazo, o maior dos nossos problemas é o cambio. O que nós estamos assistindo é um Real sobre-valorizado enquanto a moeda de outros países, caso da China, está desvalorizada. Vira uma competição totalmente desleal, não há como ganhar competitividade nessa situação. Essa diferença pode representar entre 20% e 30% nos custos e não há como vc recuperar isso com eficiência.
E como esta diferença está sendo compensada?
Paulo Skaf - Nós estamos tendo uma enxurrada de importações de manufaturados. No ano passado a balança comercial de manufaturados registrou US$ 72 bilhões de déficit. A balança comercial total do país ficou em US$ 20 bilhões de superávit. O produto manufaturado é o que interessa ao Brasil, é o que emprega intensivamente, agrega valor. E este ano, esse déficit pode chegar a US$ 100 bilhões.
O que espera do governo?
Paulo Skaf - Se nada for feito na velocidade necessária, nós estamos pressionando muito o governo quanto a isso, para compensar essa moeda valorizada, essas praticas desleais e ilegais de comércio vão continuar. E agora a nossa presidente Dilma Roussef vai para Pequim sofrer pressão para que o Brasil reconheça a China como economia de mercado, quando não é.
Eu preferia que a presidente estivesse tomando as medidas em relação ao câmbio do que indo a China correndo o risco de ser pressionada para a conversa de economia de mercado.
Eu preferia que a presidente estivesse tomando as medidas em relação ao câmbio do que indo a China correndo o risco de ser pressionada para a conversa de economia de mercado.
Que tipo de pressão o Sr. tem feito?
Paulo Skaf - Tenho falado com bastante ministros. Estou preocupado porque o governo tem que ser mais ágil, tem tomar medidas que compensem essa sobre-valorizacao do real que está castigando a competitividade brasileira. Mais ágil nas medidas de defesa comercial contra praticas desleais de comércio.
E qual o papel da indústria neste cenário?
Paulo Skaf - A produtividade, a inovação, a tecnologia, a modernização, os investimentos, não começaram e terminaram no ano passado. Pelo contrario, a industria tem feito a sua lição de casa. Da porta para dentro das fabricas está tudo muito bom. Agora, da porta pra fora, na hora que um caminhão sai com a mercadoria os problemas começam. Mas não é só um problema da industria, é um problema do Brasil. Se a gente perde competitividade, não é a da industria, é a brasileira. Se a gente gera empregos na china é um problema do Brasil porque a industria, em último caso ela importa e é o que está acontecendo agora.
O que achou da elevação dos juros pelo Banco Central?
Paulo Skaf - Se você já tem uma expectativa de crescimento zero para o primeiro semestre, não precisaria ter subido os juros de novo agora, até porque nós temos que tomar cuidado porque o mundo ainda está em crise. É bom que o Brasil não perca esse ritmo positivo de desenvolvimento, geração de emprego, não podemos brincar com isto.
O Sr. está pessimista com o país?
Paulo Skaf – Não estou pessimista, estou preocupado porque eu acho que a direção nao está correta. Não estou pessimista porque eu sou brasileiro.
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